Trabalhando na causa para evitar o efeito...
Olá pessoal!
Estava planejando postar mais algumas fotos da palestra do dia 23, mas vou abrir um parentêses para compartilhar algo com os colegas que nos honram com suas visitas aqui no BLOG.
Quando saio da empresa preciso atravessar uma ponte até chegar na estação de trem, normalmente faço esse trajeto em uma velocidade relativamente alta.
Hoje, não diferente de outros dias, saí da empresa em torno de 21:00 e fui caminhando rapidamente pela ponte, até porque queria passar na lavanderia e pegar o trem das 21:20. Quando estava na metade da ponte vi três jovens caminhando juntos, ao tentar passar por eles fui bloqueado, então anunciaram:
"Fica parado aê, é um assalto."
Calmamente (graças a Deus, nesse momento tive uma calma que não é minha) parei e segui o que eles disseram:
"Nóis só qué o dinheiro e celular... Dá meia volta e vai caminhando sem olhar pra nóis e passa tudo pra cá..."
Lentamente, peguei minha carteira e passei para eles. Um deles colocou a mão no meu bolso e pegou meu passe de trem, o outro já pegou o celular e o crachá da empresa, que estavam na minha bolsa. O que estava com a carteira disse:
"Aí, nóis só qué o dinheiro. Não vamos levar documento." - Então ele devolveu minha carteira.
Segurando meu braço eles perguntaram:
"O que tem aí dentro da bolsa?"
Então respondi:
"Tem livros, quer?" - Realmente só tinha livros e revistas.
"Livros? Vou pegar a bolsa e ver o que tem." - Um deles disse
"Ah, tem algumas moedas." - Lembrei que tinha algumas moedas
"Passa pra cá!" - Nesse momento passei as moedas para eles.
Foi aí que eles falaram para eu continuar caminhando reto, sem olhar para trás. Eles deram meia volta e caminhei, dando graças a Deus por nada de grave ter acontecido.
Nesse momento os mais "valentes" devem estar questionando: "Ah, mas eles estavam armados? Porque se eles estavam desarmados você poderia ter esboçado uma reação, já que eles aparentavam ter entre 17 e 21 anos"
A resposta é: Não sei se eles estavam armados, e não quis perguntar pois eles estavam com um pouco de pressa. =) A recomendação é não esboçar reação nesse tipo de situação, já começa que eu estava sozinho e eles estavam em três.
Mas enfim, graças a Deus não aconteceu nada de grave! O prejuízo financeiro foi pequeno.
Minha grande reflexão na volta para casa foi: Um dos motivos para existir o projeto Células de Estudo é evitar que pessoas cheguem nesse ponto, ao invés de roubar esses jovens deveriam estar trabalhando ou frequentando uma faculdade. O que aconteceu comigo só validou que é necessário lutarmos cada vez mais para mudar esse quadro! Não adianta esperar pelo governo, já que todos nós podemos fazer algo!
Existe o Ciclo da Miséria, da Inércia e da Marginalidade. Nós, do projeto Células de Estudo procuramos atuar quebrando todos esses ciclos provocando os participantes (crianças, jovens ou adultos) para lutarem pelos seus sonhos e pela perspectiva de uma vida melhor.
O Ciclo da Marginalidade (que é o ciclo em questão) consiste naquela criança que cresce em uma família muitas vezes desestruturada, onde lhe falta educação, orientação e (em alguns lares) carinho. Muitas vezes ela frequenta a escola mas não vai muito longe, pois não tem sonhos e nem uma perspectiva de futuro, onde acaba desistindo antes de terminar o ensino médio. Esse jovem encontra seu espaço caindo na marginalidade, adquire poder iniciando pequenos furtos e assaltos evoluindo para o mundo das drogas. O ciclo recomeça quando nascem os filhos desse jovem com uma outra jovem que, infelizmente, seguiu o mesmo caminho.
Sei que isso não se aplica a todos os jovens que estão na marginalidade, mas acredito que a maioria vem de um histórico muito próximo do comentado (família desestruturada e infância sem muitas perspectivas). Conheço alguns com esse histórico.
Que Deus nos dê força e sabedoria para continuar trabalhando na causa para evitar o efeito.
Fiquem a vontade para postar seus comentários, concordando ou discordando de mim.
Um abraço,
Alessandro.